A Homenagem de James Gunn à História do Superman em Seu Novo Filme
Superman é, sem dúvida, um dos personagens mais icônicos da cultura pop mundial. Desde sua estreia em 1938, o Último Filho de Krypton tem sido reinventado inúmeras vezes em quadrinhos, filmes, animações e séries, refletindo os valores e tendências de cada geração. Em Superman, novo filme dirigido por James Gunn, essa longa trajetória é cuidadosamente celebrada. O longa presta homenagem a todas as fases da história do herói — da Era de Ouro dos quadrinhos às versões modernas do século XXI.
Neste artigo, exploramos como o filme de Gunn incorpora elementos de cada década da mitologia do Superman, consolidando um tributo completo e respeitoso ao legado do herói.
1930: As Raízes na Era de Ouro

A inspiração para o filme começa em Superman #2 (1939), quando o herói intervém em uma guerra fictícia em Barávia. Esse enredo é refletido diretamente no filme, com Superman desempenhando papel crucial em um conflito semelhante, demonstrando como Gunn valoriza até os primeiros anos do personagem.
1940: A Influência da Animação Fleischer

Os curtas animados dos Fleischer Studios (1941–1943) foram pioneiros em definir a linguagem visual do Superman. Gunn homenageia diretamente esses desenhos animados em uma cena específica, na qual Kal-El protege uma criança de forma quase idêntica ao modo como protegeu Lois Lane nos clássicos animados. É uma piscadela visual que reforça o respeito pela origem cinematográfica do personagem.
1950: Krypto e a Fortaleza da Solidão

Nos anos 50, o Superman ganhou seu cão Krypto e a famosa Fortaleza da Solidão — marcos importantes da mitologia do herói. Ambos os elementos são integrados ao novo filme, consolidando o tom de ficção científica e fantasia que marcou a Era de Prata dos quadrinhos.
1960: Metamorpho e Ultraman

O filme também mergulha nas criações mais experimentais da DC, trazendo personagens como Metamorpho, o Homem-Elemento, e uma versão de Ultraman — um doppelganger de Superman. Gunn faz uso criativo desses personagens, conectando o universo cinematográfico com os conceitos mais ousados dos anos 60.
1970: A Influência de Superman: O Filme

A obra de Richard Donner (Superman: The Movie, 1978) é uma das maiores influências do novo filme. Desde o tema musical de John Williams até a estética cristalina da Fortaleza, Gunn traz um tributo visual e emocional ao longa que eternizou o herói no cinema. Até o plano de Lex Luthor ecoa o golpe imobiliário do vilão na produção original.
1980: O Reboot de John Byrne

Nos anos 80, John Byrne reinventou o Superman com a minissérie The Man of Steel. Essa versão mais humana e corporativa de Lex Luthor e a presença dos pais adotivos de Clark vivos, que antes morriam cedo na narrativa, são claramente mantidas por Gunn. Até mesmo o conceito de “universo de bolso”, surgido nesta fase, é citado no novo filme.

1990: Lois Lane, Reino do Amanhã e a Tradição de Smallville

Nos anos 90, Lois Lane finalmente descobre a identidade de Clark, algo que Gunn incorpora desde o início, evitando o tradicional jogo de esconde-esconde. A estética do filme remete a Reino do Amanhã e a minissérie Superman para Todas as Estações, obras que enfatizam a essência americana e os valores morais de Smallville.

2000: Birthright, All-Star Superman e Smallville

A virada do milênio trouxe Superman: Birthright e All-Star Superman, que são referências diretas tanto na construção da origem do herói quanto na estética de sua Fortaleza e robôs assistentes. A série Smallville também é ecoada, especialmente na forma como Jor-El vê o futuro de seu filho na Terra — como alguém destinado a moldar a humanidade.
2010: O Novo 52

O traje de Superman no novo filme de Gunn traz influências diretas da era Novo 52 da DC Comics. Embora mantenha os icônicos calções vermelhos (ausentes no Novo 52), o design com gola alta e costuras detalhadas é uma clara modernização do visual clássico.
2020 e Além
A década atual ainda está em desenvolvimento em termos de impacto duradouro no personagem, mas obras como Minhas Aventuras com o Superman e Superman Absolute já começam a mostrar novas abordagens que podem influenciar futuras sequências de Gunn.
Um Tributo Multigeracional ao Homem de Aço
James Gunn conseguiu um feito raro: respeitar a herança de mais de 80 anos de história enquanto cria algo novo e empolgante. Seu Superman não é apenas mais uma adaptação — é uma carta de amor ao herói e a todos que contribuíram para sua evolução. Ao entrelaçar elementos de cada década, o filme prova que o Superman é atemporal e sempre capaz de se reinventar.
O novo capítulo do Homem de Aço é, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma promessa: a de que, mesmo após quase 90 anos, Superman ainda tem muitas histórias para contar.
Deixe um comentário